domingo, 20 de novembro de 2011

sábado, 24 de setembro de 2011

Poema

Te observo
fazendo meu amor de servo,
cobiçando prazer ser fim.
Te observo
e na minha mente conservo
teus olhos passando por mim.

Se converso,
Rio do meu amor disperso,
mordo os lábios pra disfarçar.
Se converso,
ouço cada frase como um verso:
mil estrofes a declamar.

Quando sonho,
rapidamente desvergonho,
tenho-te como eterno amante.
Quando sonho
acordada, amarga suponho
o efeito do seu toque esfuziante.

Quando sonho,
se converso,
te observo.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Observações no Metrô

Sempre fui fascinada pelo metrô. Quando pequena, quase não andava de metrô, pois fazia tudo no bairro. É por isso que me lembro bem definidamente de quando entrei em um vagão pela primeira vez: fui ao centro de São Paulo com a minha tia aos oito anos. Que emoção!
Foi na adolescência, aos 14, 15 anos, que comecei a andar de metrô frequentemente. Me sentia livre, independente! Tinha a sensação de que poderia ir a qualquer lugar sem que meus pais soubessem, já que não teriam que me levar. Podia passar um fim de tarde no centro, uma manhã na Liberdade, uma noite na Vila Madalena... Tudo por menos de três reais.
Nesses passeios, passei a observar as pessoas mais atentamente. Costumo dizer até hoje que as linhas representam classes sociais. Nas linhas vermelha e azul (nesta última, principalmente por causa da Estação da Sé), tem sempre muita gente, a maioria trabalhadores e jovens humildes. Nas linhas verde e amarela, sempre tive onde sentar, pois raramente está cheio. Grande parte são jovens alternativos, alguns leem, outros escutam música em seus fones de ouvido.
Esperando chegar ao meu destino, já reparei naqueles que pedem licença ao sentar na cadeira ao lado, aqueles que se desculpam por ter esbarrado em alguém, ou ainda aqueles que puxam papo com os outros. Também observei os que nada falam, os que balançam suas cabeças ao som da música, ou os que falam alto demais.
Em todos os casos, sempre fiquei curiosa para saber como é a vida dessas pessoas. São casados? Têm filhos? Trabalham? Hobby favorito? Qual foi seu último momento ruim? Considera-se feliz?
Essa constante reciclagem de pessoas, de estação em estação, faz com que eu fique mais e mais intrigada. A cada parada, metade sai e o correspondente a essa metade entra. Assim como numa biblioteca, onde sei que jamais terei tempo para ler todos os livros, o metrô me dá a mesma angústia.Quero conhecer mais sobre o cotidiano e o extraordinário da vida dessas pessoas, mas é impossível conhecer tantas histórias interessantes. Desse modo, sinto-me só mais uma estrela na Via Láctea. Quer eu ande de metrô, ou não, esses corações continuarão a bater e a vida continuará pulsando pelo subterrâneo de São Paulo.
Ao mesmo tempo que me sinto insignificante em meio a tanta gente, percebo alguns momentos nos quais eu faço a diferença. Outro dia, estava esperando uma amiga chegar na estação Santa Cecília. Ela se atrasou, então fiquei lendo um painel na entrada que cita autores e artistas brasileiros, pelo qual eu sempre passava, mas nunca dava importância. Li um corredor de aproximadamente 15 metros, repleto de Machado de Assis, Olavo Bilac, Graciliano Ramos, entre tantos outros. O interessante é observar o impacto que isso causa nas pessoas. Alguns pararam para olhar o que eu estava fazendo, alguns passavam os olhos por algumas biografias, outros não sabiam se deviam se meter na minha frente, então acabávamos numa desconfortável dança por espaço; e outros simplesmente passavam reto. 
O que mais me tocou foi ver os poucos seguindo o meu exemplo, apesar do visível estranhamento de alguns, como se eu estivesse xarope. Quem sabe esteja. Porém, não pude deixar de sorrir ao ver um jovem lendo com dificuldade um poema para a mãe, possivelmente analfabeta.
De um jeito ou de outro, cada um de nós tem o poder de mudar pelo menos um hábito de alguém. Talvez eu tenha incentivado algum jovem a gostar de ler, ou outro a se interessar pela arte. Quem sabe, isso mude totalmente o rumo dessa pessoa. Ou somente acrescente um novo hobby. Afinal, sou só mais uma gota nas veias da rede metroviária paulistana.

PS: estou adorando esse projeto de arte no metrô. No Paraíso, há toda semana uma apresentação de dança, além das diversas exposições nas outras estações. Convido a todos para que experimentem fazer o que fiz!

domingo, 21 de agosto de 2011

Quando eu morrer, não quero velório

"Quando eu morrer,
não quero nem choro nem vela
quero uma fita amarela
gravada com o nome dela"

Qual é o propósito de se reunir em volta de um defunto?
Além de pagar uns quinze mil contos no kit caixão e na taxa de enterro, as pessoas ainda têm a obrigação social de receber visitas quando o que elas mais querem é um momento de paz. Um velório é um centro de bolas-fora.
Para começar, o sujeito entra na sala já sem saber quem cumprimentar primeiro: o marido/esposa, os filhos ou os pais? Aí fica decidido que a pessoa vai cumprimentar quem vir primeiro. Então lá vai a primeira gafe:
- Fulano, tudo bem?
É claro que não, estamos num velório. Para sua sorte, a pessoa responde que sim automaticamente. Segue-se adiante e você não sabe se deseja seus pêsames, seus sentimentos, se diz que sente muito, ou se simplesmente não diz nada porque é muito piegas. Acho que só se diz essas coisas em filmes.
Finalmente, outra pessoa chega e você consegue fugir daquela conversa embaraçosa. Então, depois de muita hesitação, cria coragem para olhar o corpo e até que a visão não é tão ruim. A pessoa fica lá deitada, serena, dormindo. Até que você lembra que ela está morta, claro. Aí, você começa a fantasiar com o que aconteceria se ela mexesse um braço, ou abrisse os olhos, ou talvez segurasse sua mão quando você se aproximasse. Assim, decide ficar longe, mesmo.
Que angústia que me dá quando eu vejo gente tocando o cadáver!  PARA QUÊ? É repulsivo! O que mais me incomoda é que a pessoa não pode reagir! E se ela não quisesse ser tocada? Bastam as memórias da pessoa viva. Não há sentido lembrar dela daquele jeito quase humilhante. Imagine: dezenas de conhecidos te observando sem vida. Não é desconcertante?
Outro problema é saber quando chegar e quando ir embora. Temos que ser pontuais ao chegar? Sair rápido é mal educado? Ficar muito é intromissão? Devemos chorar ou é exagero? Devemos conversar sobre o quê, exatamente?
No último (e único) velório que fui, conversei com meus primos normalmente. Às vezes, esquecia que havia uma pessoa morta na sala. Então, minha mãe chamou minha atenção para algo que me fez ver o quão ridículos nós somos ao velar um morto:
- Querida, não vire de costas para o corpo, é falta de respeito.
Querida, a pessoa não está viva. Ela não está se importando. Nem as pessoas vivas dessa sala estão se importando. Eu respeito a falecida, é claro, gosto dela, mas repare como nós, humanos, somos presunçosos! Desde as civilizações mais antigas, o homem se sentiu no direito de fazer todo um ritual em volta de um cadáver e enterrá-lo depois. No que ele estava pensando quando teve essa ideia? Qual o propósito? Sei que há um contexto religioso para isso e o respeito, mas quando vamos nos tocar que não somos capacitados de decidir o destino de uma alma, independente do modo que organizamos o seu velório?
Não é muito mais agradável (ou menos triste) lembrar da pessoa que amamos viva? Por que precisamos vê-la naquela situação que só nos traz melancolia? Por que não simplesmente chorar em nossas casas de um modo mais sincero e íntimo, e fazermos uma reunião para dar apoio moral à família sem ter que ver um invólucro de uma alma querida que já nos deixou?
Quando eu morrer, respeitem-me e não façam esse tipo de cerimônia. Façam uma reunião para celebrar os tempos em que eu era viva. Me enterrem, sim, mas com o caixão fechado e com todos os órgãos doados. Morta, só quero ser vista por quem estiver na sala na hora, e ninguém mais. O resto, que lembre de mim dos momentos felizes e cheios de vida.

in memoriam S.P.B.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Carta a vocês

Queridos vocês, que se acham espertos, superiores, merecedores de um carro/emprego/marido/esposa melhores que os nossos,

Estamos exauridos de tanta luta pela sobrevivência. Não suportamos mais a injusta seleção natural, que já não valoriza o talento honesto, e sim o dinheiro ou o acaso.
Vocês nos fazem sentir vontade de cometer suicídio. Sentimos que somos bons demais para desperdiçar nosso tempo com meros hipócritas com os quais vivemos. Nós possuímos uma conduta perfeita. De verdade. Não afirmamos isso por falta de humildade: erramos frequentemente, mas sempre sabemos como contornar ou consertar a situação à nossa maneira, o que nos faz, no mínimo, suportáveis. Vocês, Babacas, são insuportáveis.
Se um dia, um de nós chegasse a governar o mundo, proibiria as pessoas a agirem de modo tão fútil, hipócrita e inconseqüente. Pelo menos, poria um limite de Babacas com os quais pessoas como nós deveriam conviver. Há horas em que vários de nós preferiríamos a morte a bater um papo com um de vocês.
Mesmo quando cremos que tudo não tem como piorar, surge-se um idiota que agrava a situação, deixando marcas eternas na nossa memória, síndromes de inferioridade, depressões, enfim. Pode ser um comentário desnecessário que nos magoa, uma mentira, um olhar de desprezo, fofocas, intrigas infantis...
Após muito tempo observando-os daqui de baixo, concluímos que vocês são geralmente levados pelo orgulho, pela infantilidade, pela vontade de se mostrar superiores aos outros. Os senhores são inseguros! Então, alguns terceiros são levados a acreditar nos seus falsos talentos, nas falsas promessas, o que infla ainda mais os seus egos e os estimula a agir dessa maneira tão irritante.
Às vezes, não é nem por benefício próprio. Vocês simplesmente agem desse jeito porque é uma predisposição genética. E não há como vencê-los: vocês, idiotas, são fúteis o suficiente para deitar a cabeça no travesseiro e não sentir uma gota de arrependimento, afinal, sua conduta imbecil é parte de sua identidade. Se quiséssemos matá-los, vocês acabariam conosco primeiro, pois representam 90% dos seres vivos (ser Babaca não é uma característica exclusiva do ser humano).
Todavia, aqueles que são filhos-da-puta a troco de alguma conveniência pelo menos são espertos e têm a nossa admiração (mas não respeito, definitivamente. Há uma tênue diferença). Cada um de nós esconde o desejo de ser um filho-da-puta! Ser tão superficial a ponto de não nos importar com os sentimentos dos outros! Lamentamos nunca ter a capacidade de ser maquiavélicos, porém, não pretendemos seguir esta ética. É por isso que nos classificamos como Trouxas.
Os Trouxas são aqueles que se deixam ser inferiorizados com a desculpa de que somos honestos, bons de espírito, que preferimos o correto com prejuízo ao incorreto com lucro. Como se valesse a pena. Assim como os babacas, fazemos isso por orgulho. Temos orgulho da nossa mentalidade bondosa, do fato de sermos tão tontos e bobinhos. No fundo, somos os espertos - ou é o que achamos. Só sabemos que vivemos porque temos a esperança - ah! que tolice - de que um dia a fortuna abrirá os olhos e verá quem merece  sucesso.
Quantos são os Trouxas que pagam tratamentos psiquiátricos, terapias, antidepressivos por causa dos Babacas? Quantos são aqueles que foram magoados e seriamente feridos devido ao olhar incisivo de um otário que se sentiu ameaçado pelo nosso talento e foi dominado pela inveja? Quantos são aqueles que sofreram graças às más línguas de mulheres ciumentas?
Dói-nos pensar que os causadores destas mágoas estão em maior número. A única forma de reverter esta situação não é exterminar todos vocês, e sim convertê-los ao trouxismo. Se nos tornássemos Babacas, a evolução nunca cessaria: haveria sempre alguns que se sobressaltariam após derrubarem outros. Portanto, propomos um leve retrocesso: sejam como nós e rendam-se à honestidade e à justiça. Garantimos-lhes: a sensação é tão pura que compensa – na verdade, supera - qualquer regalia do mundo babaca.
Gratos,
Os Trouxas.

28 jul 2011

Edifício no Minhocão

“Limito-me a humildemente – mas sem fazer estardalhaço de minha humildade que já não seria humilde – limito-me a contar as fracas aventuras de uma moça numa cidade toda feita contra ela.”
-Clarice Lispector, A Hora da Estrela

Sempre que passo pelo Minhocão, sinto saudades de Olívia e dos seus olhos negros como jabuticabas, do seu sorriso amigável e carinhoso (o qual só fui descobrir tempos depois de conhecê-la) e do seu corpo magro, maltratado, porém apaixonante. Olívia tinha uma beleza quase como a de uma Audrey Hepburn paulista.
Não sei se é saudade o nome do sentimento que me arrebate o coração nessa hora. Quem sabe o nome mais adequado seja dó, pena. Pena de quem? Mais provável que seja de mim mesmo do que da própria Olívia. Afinal, apesar de não saber ao certo o seu fim, aposto que foi ela quem saiu ganhando.
O Elevado Presidente Costa e Silva, popularmente conhecido como Minhocão, significa tanto para mim porque foi lá que os momentos mais felizes e sombrios da minha vida tão medíocre aconteceram. Lá, em um discreto apartamento cujas janelas estão no mesmo nível dos carros, desenrolou-se o clímax da minha existência vadia. Desde então, creio ser o único que vê charme naquele lugar, especialmente no final de tarde,  quando o pôr-do-sol  se confunde com a poluição atmosférica por entre os prédios do centro da metrópole.
Acontece que, numa rua qualquer e num dia qualquer, ouvi gritos estridentes vindos do bar da esquina logo em frente. Primeiro pensei que era só uma jovem que exagerou no álcool, só que os gritos se tornaram de desespero e continuaram até que tomei coragem pra ver o que era.
De fato, a moça estava no bar, acompanhada por um homem muito mais velho e barrigudo, que batia nela sem censura e sem motivo aparente. Descobri mais tarde que só batia porque gostava de ouvir seus berros, já que, na cama, não conseguiu fazê-la gritar de prazer. No bar, alguns tentavam apartar a briga, enquanto outros continuavam lá sentados fingindo nada perceber, como se aquela fosse uma cena comum. Os garçons, então, seguraram-no pelos braços até que os dois se acalmaram.
A jovem , então, ousou sentar na cadeira ao seu lado e continuou a comer um hambúrguer. Chorava. Saía sangue proveniente de um corte na sobrancelha. Quando terminou de comer, balbuciou algumas palavras para ele e saiu do bar.
Obviamente, segui-a e perguntei seu nome. Olívia. Disse que estava acostumada porque é sempre assim e que estava a caminho de casa.
Bem, eu sei que há mulheres que vendem seu corpo para conseguir um bom jantar, e suspeitava de que era esse o caso. Perguntei à coitada quem era aquele cara. Na rua mesmo, sem sequer saber meu nome, contou-me sem nenhum traço de vergonha que aquele era seu tio com quem morava e ia pra cama quando o mesmo estava com vontade. Em troca, o safado oferecia teto, chuveiro e comida (o que para ela já estava bom demais).
Naquele dia, levei-a para o meu apartamento bagunçado no Minhocão porque o sangue que jorrava da coitada já estava me preocupando. Ofereci um copo d’água, um pão, um colchão e um cobertor. E lá na sala ela chorou até dormir.
Durante a primeira noite, me questionei se era seguro colocar uma desconhecida dentro da minha casa, mas ela era tão ignorante que nem sabia o que era roubar. Era tão tonta que nunca saberia usar uma arma. Sua expressão era tão inocente que não apresentava risco algum de roubo, assassinato, homicídio, suicídio, seja lá que crime. Pouco sabia eu que ela me roubaria o coração e a dignidade masculina, mataria meu ego, esfregaria a minha bondade e compaixão no asfalto mais áspero. Naquela tarde, a beleza melancólica de Olívia me convenceu de que estava na hora de me tornar um homem com uma experiência um pouco menos vaga e comum do que as que eu já havia vivido.
Passávamos noites e noites conversando. Ela me contava seus sonhos, medos e anseios, eu fazia o mesmo. Contei como meu trabalho era tedioso. Ela ouviu tudo com atenção e achou uma maravilha o dia em que a contei sobre a viagem que fiz ao Rio de Janeiro no mês passado. Olívia também me falou, chorosa, do dia em que seus pais a abandonaram - apesar dela não se lembrar de nada – e ela teve que morar com seu tio, que nem o nome sabia. Disse-me que aos doze anos já não era mais virgem, mas que na época achava que isso não tinha problema algum. Afinal, nunca convivera com ninguém além dele, ou seja, não tinha um modelo de vida com o qual iria se comparar.
Em uma noite chuvosa (já havia um mês que morávamos juntos), Olívia deixou a sala porque tempestades lembravam-na do passado, ou algum outro motivo igualmente piegas. Sentou na minha cama e pediu para que eu a distraísse. Hesitei por um momento, mas a beijei. Foi um beijo um tanto quanto violento, inesperado. Logo, durante a tempestade ruidosa, fizemos amor. Chamo isso de amor, não de sexo ou qualquer outro nome que possa parecer obsceno. Pois obsceno era o que o tio a forçava fazer. Não, o que fizemos era puro, verdadeiro e saudável.
Durante essa mesma noite, lembro-me de assisti-la admirando a cidade pela janela. Essa visão está tatuada na minha mente. Parecia uma sílfide, o cabelo voava dando a ela um charme etéreo. Se existe alguma verdade no mundo, ela se parece com Olívia, nua, observando o viaduto vazio pela janela.
Três meses se passaram e nossa vida estava tomando um rumo mais natural. Já estava quase me esquecendo do passado da moça. Já não tinha pudor ou medo de dizer alguma coisa que a machucasse, tampouco a considerava o mistério que era antes. Éramos um casal comum. De manhã eu ia trabalhar e ela passeava pela rua, no fim da tarde eu levava o jantar e ficávamos conversando até tarde.
Em um dia desses, cheguei em casa com spaguetti e vinho tinto para a janta. Queria comemorar, pois tinha sido promovido. Todavia, ao abrir a porta, deparei-me com um bilhete em cima da mesa. Em traços incertos, sua letra ignorante me informava que seus pais estavam vivos e a queriam de volta – o que duvido que tenha sido verdade. A cachorra vadia disse na carta que estava partindo e que não iria mais voltar. Pediu desculpas, como se fossem servir de alguma coisa. As palavras me atingiram como o vento frio e cortante que vinha da janela aberta, meu peito foi estraçalhado pelas suas garras egoístas.
Seja lá qual foi o motivo, Olívia fugiu e me levou junto. Tudo o que deixou foi o corpo oco de um homem que se doou demais, um colchão e um cobertor.

17 jul 2011

Fonte da imagem: fotógrafo desconhecido. Disponível em: http://pipocaglobal.com/?p=2667 Acesso em 2 ago 2011.